quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Primórdios da Filosofia:os pré-socráticos

PRIMÓRDIOS DA FILOSOFIA: os pré-socráticos.
Na Metafísica de Aristóteles, encontramos a indicação de Tales, Anaximandro e Anaxímenes como os primeiros filósofos, os primeiros a se dedicarem ao pensamento racional, buscando acompanhar os processos lógicos ou encontrar provas para suas afirmações acerca do mundo. O arché, ou o princípio primordial, torna-se o elemento central dessa investigação, na tentativa de explicar a origem das coisas.
Tales (624-545 a C.) e seus discípulos viviam em Mileto, hoje uma cidade da Turquia, cuja destruição pelos persas provocou o desaparecimento de sua escola filosófica. Ao indagar sobre a origem do mundo, Tales buscava explicar esse problema recorrendo à água. O princípio primordial para ele era a água, uma vez que as sementes, como todo alimento, são úmidas.
Em Anaximandro, a resposta à indagação sobre o arché repousa no ápeiron, a saber, o infinito, o ilimitado, uma realidade fora dos elementos naturais. Foi provavelmente Anaximandro quem usou pela primeira vez o termo arché. Os Milésios explicavam todas as realidades a partir de um único princípio, daí o termo monismo aplicado a essa doutrina.
Anaxímenes também explicava a origem das coisas em um elemento natural, a saber, o ar. É provável que o ar por ele referido tenha o mesmo sentido da expressão pnéuma, usada pelos gregos, indicando o vento quente e rarefeito, de cunho mais espiritual que material, presente em cada ser vivo e exalado por ocasião da morte. Esse ar é, para Anaxímenes, o princípio da vida.
Heráclito (540-480 a.C.) - provinha de uma família aristocrática e demonstrava grande desprezo pelas massas e pelos princípios democráticos, ainda que sua cidade (Lídia em Éfeso) fosse dominada pelo partido popular. Vivia em isolamento, distante da vida política e, aos 60 anos, decidiu se matar, devorado por cães, na praça pública de Éfeso, após se ter coberto de esterco. É conhecido como o filósofo do devir.
Para Heráclito, a lei que governa o mundo é o logos, que tem os seguintes significados: palavra, enunciado, definição, discurso, explicação, cálculo, medida, avaliação, razão, causa, pensamento, necessidade, etc. Todavia, só os filósofos ou despertos conseguem utilizar de modo consciente o logos e penetrar na verdade da natureza. O devir universal é resumida no panta rhei, ou seja, tudo flui. Assim não nos banhamos duas vezes no mesmo rio nem tocamos duas vezes uma substância morta no mesmo estado. Tudo flui e nada permanece. O sol é nova a cada dia. A vida é uma criança que brinca, que movimenta as peças do tabuleiro. São aforismos apresentados por Heráclito. Segundo Heráclito, o princípio é o fogo (ou o dinheiro). O princípio primordial, o arché, consiste no fogo. Todas as coisas podem ser transmudadas em fogo e o fogo pode se transformar em todas as coisas o mesmo modo que troca o ouro por todas as coisas e todas as coisas são trocadas pelo ouro. Ainda segundo ele, o devir se realiza por meio da contínua passagem de um contrário a outro, de modo que princípio que rege o mundo é a guerra, o pai de todas as coisas..
De acordo com Pitágoras (570-500 a.C.) o princípio primordial era o número. Tudo é número e tudo pode ser quantificado em números. Pitágoras fundou uma seita, que impunha os seguintes tabus aos seus seguidores: não comer favas; não recolher o que caiu; não tocar em um galo branco; não partir o pão; não saltar sobre traves; não atiçar o fogo com ferro; não morder um pão inteiro; não partir as guirlandas; não se sentar sobre um jarro; não comer o coração; não se olhar em um espelho perto do fogo; alisar a marca do corpo ao levantar-se da cama. Outra idéia de Pitágoras era a de que os astros produzem no seu movimento uma música perfeita e divina, literalmente celestial. Se não conseguimos ouvi-la, é somente por causa do fenômeno psicológico que faz com que um som contínuo torne-se despercebido pela consciência perceptiva.
Pitágoras introduziu no ocidente a teoria da metempsicose, ou seja a transmigração das almas, o que só se interrompia após a purificação, sendo um dos elementos de purificação a matemática. Às vezes, chegava a conversar com animais, dizendo reconhecer neles um amigo falecido. Segundo Pitágoras, o ar é cheio de almas. No cenário da filosofia grega, vamos encontrar discussões voltadas para a pólis grega, em que a vontade humana e as convenções humanas passam a ser elementos decisivos. Protágoras dizia que cada um é a medida de todos, numa teoria relativista, fundada no antropocentrismo.

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